Pra dar um gostinho…
Órfãos da Terra
Trechos da coluna de Cristina Padiglione na Folha:
Os refugiados de Thelma Guedes e Duca Rachid não são exatamente figuras diante de quem estamos nos lixando, muito pelo contrário. Eles nos afetam profundamente, ou deveriam.
Que venham mais cem capítulos. Estamos todos na torcida por Laila, em contraste à mimada Dalila, filha de Aziz, vivida por Alice Wegmann.
A direção tem a delicadeza, mas também a mão firme que o enredo sugere, na alternância de opressores e oprimidos.
A novela é, em suma, perigosamente sedutora, e digo perigosamente porque há de nos roubar atenção diária, forçando o adiamento de outras tantas tarefas.
Clique aqui para ler a coluna de Padiglione na íntegra.
Amanda Magalhães, do Gshow, entrevistou André Câmara, diretor geral de “Órfãos da Terra”, e ele disse que realizar esta cena em homenagem ao menino sírio Aylan Kurdi foi um grande desafio dado a ele por Gustavo Fernández, diretor artístico. Desde o início do projeto, a direção e as autoras desejavam fazer uma homenagem simbólica ao menino, mas a forma como isso seria retratado na TV ainda não estava clara.
“A história de Aylan é muito triste e marcante. Quem não se lembra da imagem dele na praia? Quando comecei a ler os capítulos da novela e, ao mesmo tempo, me alimentar de livros e filmes voltados para o tema, entendi a importância desse trabalho e o quanto poderíamos tocar o coração das pessoas, despertando a empatia delas em relação aos refugiados. Mas como usar essa imagem que tocou o mundo numa novela das 6, sem chocar o público?”, disse André.
Fernández acreditava que essa história deveria ser retratada do ponto de vista dos próprios personagens, como uma forma de lhes dar voz, e a referência estética da narrativa seriam os épicos do diretor norte-americano Steven Spielberg.
André reviu vários filmes emblemáticos do cineasta até que a ideia de como gravar surgiu:
“Foi exatamente com Império do Sol e A Lista de Schindler que me veio a ideia de usar a menina, com sua bonequinha vermelha, para contar a história de todas as crianças que têm um fim trágico ao tentar atravessar o mar com seus pais, em busca de uma vida melhor. Durante toda a sequência, a pequena Radige estava tão misturada a sua bonequinha que as duas acabaram se transformando num único personagem. Mostrar apenas a bonequinha abandonada na praia, na mesma posição do menino Aylan, era como trazer de volta, de uma forma simbólica, a imagem dele”.
Trecho da coluna de Patrícia Kogut publicada em 4/4/2019 no jornal “O Globo”.
Com a estreia de “Órfãos da terra”, anteontem, a faixa das 18h da Globo foi dominada por um tema realista, bem distante das fábulas que costumam ser narradas ali. O capítulo abriu em 2015, na Síria conflagrada. O núcleo da família da mocinha festejava um aniversário com música, dança e iguarias típicas. Até que um ataque do Estado Islâmico estragou a alegria geral e motivou a aventura que puxará o início da história: a viagem deles ao Brasil. Essa diáspora tem uma ponta em São Paulo, onde vivem alguns primos.
Tudo isso e mais um pouco foi apresentado na noite do lançamento da trama, mas sem parecer um “desfile de personagens”. As autoras construíram seu enredo de forma orgânica e a voltagem foi subindo. Elas são as criadoras de “Cordel encantado”, em que promoveram a original mistura de príncipes e sertanejos, e de “Joia rara”, em que trançaram o Nepal ao Rio dos anos 1930. Agora, mostram o mesmo traquejo.
Clique aqui para ler a coluna na íntegra.