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Poesia

Deixei um poema no chuveiro

deixei um poema no chuveiro
parecia bom o danado
limpinho escorregadio lavado
com cheiro de alfazema
do sabonete granado

não deu nem tempo
de ver direito a cara do sujeito
passou pelo cabelo feito raio
e foi pro abismo liso e condicionado

juntou-se a outros detritos
fios de escritos embaralhados
tesouros em meu íntimo mar, encalhados
mar de textos não lembrados

só sei que começava com a palavra…
que palavra era mesmo?
uma locução densa plena peculiar
numa beleza que puxava outra e outra e mais uma
num arranjo magnífico insólito admirável

tanta excelência e singularidade ele tinha
que comecei a me enxugar afobada
mas antes de pôr os pés no assoalho
ainda nua úmida tremendo
o poema já não era meu

nunca tinha sido poema o infeliz
e lá se foi a quimera pro ralo
cadáver sem ter nascido
lá foi ele pro cemitério dos desnecessários

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Do cão e do poeta

I

sou cão magro
danado
atrás do osso da palavra

grudo na canela dura dela
e invento

pulguento, triste, remelento
quanto mais ela me chuta
mais quero
mais aguento
mais tento

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Mãe tela do meu tapete

Mãe tela do meu tapete

mãe
tela do meu tapete
que falta me faltas no medo
não te escrevo
não te ouço nem pergunto
só te procuro agora
porque não durmo e preciso
da mama
da mão na cama
da nana
é medo é falta de sono
quase não sonho não durmo
alerta não me deixo
sozinha piro fumo escorro
depois de perder o éden
o odor bom dos bafos de mãe seguros
tempos atávicos se passaram

e te procuro e te pergunto
onde estou no mundo
longe do teu braço gordo?
que cidade é aqui em mim?
que me afastei tanto
era lá a felicidade, não era?
lá antes
debaixo da tua carne
no vinco do teu vestido
mas e agora? que faço?
aqui, no circo frio do ventre estranho
sem ar sem água e sem o nosso umbigo antigo?

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A dor da juventude

A dor da juventude

Qual a dor que dói na juventude?
Em seu desespero por liberdade?
Em sua fome de amor?

Talvez a dor da saudade
de quem chega ao topo da montanha
e precisa começar a voltar pra casa.

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Ilhúmbria

Ilhúmbria

Desde pequena procurei
aquele que deveria ser o homem da minha vida

Busquei-o nos mais fracos
nos desdentados, nos meninos

Cacei-os entre os devassos, franzinos
covardes, ladrões, vingativos

Um homem que teria a instabilidade doce
dos que perdem sempre
não a rigidez dos perpétuos vencedores

O cansaço dos ínfimos
no lugar da incansável determinação dos grandes

Poderia ser um homem sem mãos
mas deveria ter os pés leves
para me acompanhar num tango

E a língua intensa
para me lamber inteira como sua cria

Um lambedor dançarino
perdido e perdedor das perdas mais encardidas

Magro, amarelo, alquebrado
De preferência doido, drogado e sem documentos

Pobre e esfomeado das coisas de tudo
numa fome irmã à minha própria fome

Pois eu queria um igual na dor
igualzinha a que eu sinto

Aprendi a procurá-lo nos castelos abandonados
nas praças, nos morros e manicômios

Me disseram que eu por lá o encontraria

Procurei na sujeira dos becos
dentro das latas de lixo
sob as pontes, nas filas de empregis, nos pesadelos
nos ônibus, nas catracas de trem, no limbo

Deixei recado nos postes mijados
por cachorros vagabundos

Na minha busca pelo pior dos homens
para ser pior com ele
aprendi a reconhecer o perfume dos ávidos

Cada vez mais, passei a desvelar os frascos
cheios de líquidos e odores

ocultos sob os prantos dos sofridos
lançados ao alto mar por náufragos perdidos
derramadas pelos corpos dos bêbados
entregues à sarjeta dos mendigos.

Descobri o perfume da dor
para reconhecer um homem
em seu desalento amigo

Sua pobreza e desamparo único
sua penumbra, sua ilha, sua solidão noturna

Rumei sem malas para ele
quando senti sua fragrância
acre rara lasciva

Chamei este perfume de “ilhúmbria”
como a um inseto não-catalogado e vítreo
uma terra afastada, um sentimento enjaulado
um susto revelado ou o inaudito grito dos mudos

Encontrei o perfume
E, no perfume, encontrei não um homem, mas todos
Lá estavam suas chagas, seu destempero e delírio

Pois a apaleada substância
é a condição das glândulas dos espécimes todos

A vida vive para produzir este cheiro
de carne viva

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Ler com asas nos olhos

Ler com asas nos olhos

LER
Com asas nos olhos
Sigo o signo:
a forma
O que com letras eu vejo
Em sonho
me transborda

 

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Lição

Lição

deus é sapo nebuloso
de olho aberto e triangular
pisca

aos dez anos descobri a verdade nua crespa
dessa batráquia metafísica

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Linha do tempo

  • Clarice, a mulher que mudou minha vida

  • 2018 – “Órfãos da Terra” tem data de estreia

  • 2017 – Meus contos adaptados no rádio

  • 2016 – Minha Garota de Ipanema mora no Méier

  • 2015 – “O Outro Escritor” estreia no Futura

  • 2014 – Joia Rara vence o Emmy

  • 2012 – “Cordel” recebe Prêmio Faz Diferença

  • 2009 – O Outro Escritor (contos)

  • 2009 – “Cama de Gato” estreia em 5/10

  • 2007 – Atrás do Osso (poesia)

  • 2006 – “O Profeta” estreia em 16/10

  • 2006 – Começa a parceria com Duca

  • 2003 – Pagu: Literatura e Revolução (ensaio)

  • 2002 – Encontro com Walcyr Carrasco

  • 1998 – Mestrado em Literatura

  • 1997 – Primeiro livro: Cidadela Ardente

  • 2013 – Abertura da Casa do Autor Roteirista

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@2019 - Thelma Guedes - site oficial


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